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  • Foto do escritorDr Aidê Fernandes

Profissão dona de casa


A profissão, muito mais do que significar uma atividade especializada de um sujeito perante um grupo social, também expõe o conjunto de crenças, valores, papeis e produção ofertada ao meio em que se encontra inserida e a maneira como a pessoa cria e contribui para esta sociedade.

Quando refletimos sobre o papel da mulher nos dias atuais, salienta-se como esta profissão vem tentando se legitimar e sendo discutida em todos os segmentos sociais. Logo ela que nos primórdios da civilização humana foi submetida (e continua sendo) à chamada “dupla jornada” de trabalho, pois precisava também cuidar da casa. Desde sempre é muita tarefa e responsabilidade sobre seus ombros, sem a devida contrapartida justa, cá entre nós.

Uma das principais reivindicações “legais” atuais`e o reconhecimento material, financeiro e emocional adequado, mas a dinâmica machista, ainda hegemônica, faz com que a gente torça o nariz para a verdadeira e merecida valorização da mulher. Daí a reação feminista.

Por outro lado, cada vez mais, me conscientizo que o movimento feminista precisa se ampliar e se “impor” como uma necessidade para todos nós. A sociedade necessita urgentemente absorver o real valor da feminilidade na construção social. Precisamos acolher e admitir (para depois nos livrarmos definitivamente dela) que a estratégia civilizatória de colocar a mulher num patamar inferior comprometeu nossa evolução.

Enquanto agrupamento predominou a força bruta, o poder, a objetividade discriminatória e a insensibilidade com a fragilidade do outro. A proposta de convivência na ótica do macho nos fez “fortes”, “dominadores”, “desbravados” e até “vencedores”, mas pagamos o preço de um mundo nada amoroso. Nossa sociedade aprendeu a professar a vitória a todo custo nos tornando profissionais do poder.

Claro que nesse processo somos responsáveis e contribuintes, ou melhor, todos os gêneros são. A culpa é nossa. Talvez por isso eu não estranhe haver tantas mulheres defendendo posturas favoráveis a sua própria discriminação. Foi assim que todos absorveram (machos e fêmeas humanos).

A reflexão que proponho é uma revisão antropológica sobre a construção social vigente, a maneira como educamos nossos filhotes ou os convidamos a enxergar a vida adulta. Com certeza vamos (re) conhecer o quanto desvalorizamos o feminino ou supervalorizamos o masculino como garantia de satisfação e poder. Nesse modelo, “brincar de boneca” ou “de casinha” faz a criança aprender a ser somente uma simples “dona de casa”.

Nas outras brincadeiras (carrinho, médico, videogame, etc.), o poder sobressai, o “filhote de vencedor” já mostra suas garras impondo o que o parceiro de brincadeira pode ou não pode fazer. E assim, de geração a geração, lugar de mulher mantém-se embaixo.

Dona de casa é a profissão do cuidar da pessoa, de cozinhar pra ela e mantê-la bem vestida. Abrir a porta e recebê-la como uma rainha com o reinado a seu dispor. Suas crenças e os valores são focados na família. Sua produção tem como objetivo o bem estar do grupo, e a contribuição profissional torna-se a oferta de tranquilidade para quem precisar para estar lá fora (de casa).

Confesso que já vejo pessoas “machistas” com um sorriso irônico no rosto desdenhando dos meus argumentos ou vendo a descrição somente de uma empregada doméstica. Com certeza outras “feministas” com semblante sério e fechado me acusando de hipocrisia ou de estar banalizando uma escravidão. Eu entendo, pois foi assim que o poder se consolidou nas relações humanas. Mas, a meu ver, colocar a dona de casa no seu devido patamar é reverenciar a profissão que alicerça o exercício de todas as outras, juntamente com a professora.Cá entre nós, não deve ser a toa que ambas são exercidas quase unanimemente por mulheres.

Por isso a minha proposta de que o feminismo seja visto como um movimento de libertação de todos, pois, a feminilidade social sempre traz mais amor.

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